sábado, 27 de junho de 2009

Amor e solidariedade

Conheceram-se num verão quente de Agosto, nas festas do dia 15. lá no alentejo profundo.
Ela com 20 anos e ele com 23, dançaram, rodopiaram até a noite ser dia, e ali nasceu uma paixão.
Ele desde sempre lhe falou na sua "falta de visão" ela apesar de tudo e das vizinhas da Avó Chica e ela mesma, a alertarem para "o problema dele" aceitou-o porque ele era ele... o seu homem.
Os anos que se seguiram tiveram altos e baixos, ele um individuo complexado devido ao seu problema e ela uma mulher vivaça, alegre e empreendora que o mundo não fazia parar,,, eram a água e o vinho.
E a água estava ali para ajudar o vinho, a ser melhor, pronto a ser saboreado por quem o apreciásse.
Dias de luta, horas de angustia e a pergunta que caía sobre ambos :
"Até quando ele vai poder ver?"
Sim, ele tinha e tem glaucoma, uma doença que conduz eventualmente à cegueira....
Consultas, opiniões ...e nesta fase a doença está estacionária, o seu campo de visão é diminuto, mas ele trabalha, não na sua área, mas como segurança dum parque em Almada, num horário em que não tem que se expôr, e pode trazer para casa o seu contributo, os dias melhores ja foram, hoje o que importa é que ele assim se mantenha, e se sinta util.
A horta da Casinha é a paixão dele, uns dias vendo bem, outros tacteando o que semeou, tudo o que ele semeia vinga como se o seu dom estivesse nas mãos e não no olhar..
Não há planta, árvore ou flor que deite à terra que não frutifique e multiplique...dizem que Deus escreve direito por linha tortas...
E ela ali, a sorrir apoiando e dizendo que ele é maravilhoso e que a visão é para todos, mas que os dons são para seres especiais,,,
Tornou-se a sua condutora, está sempre disponível, seja para o que for, o que ficar por fazer ela faz depois. A sua companheira de necessidades que ajuda a resolver, a mão amiga que o guia quando assim é preciso.
O lema dela é ajudá-lo duma forma que ele nem o sinta, é o seu quotidiano.
Ela sabe o quanto é tabu para ele assumir que não conseguiu ver uma nota de 20€ em cima da mesa, e diz :"ohhh desculpa eu não a deixei á vista..."
Hoje, ela disse que o dia era para ele, e foram comprar o que ele inventou que lhe fazia muita falta lá na Casinha, e à Casinha o levou e de lá o trouxe para casa, tendo a filha preparado o almoço para que ambos pudessem fazer o que ele precisava.
Um abraço e um beijo foi o que ela recebeu sem palavras, e aconhegando-se nele disse:
- Gosto tanto de ti "Vô"....
E ela gosta, porque só gostando dele como ela gosta tudo se vence e ultrapassa, graças a Deus que o amor é assim!
Amor é também solidariedade, é dar sem pedir nada em troca, só porque se ama,
Amor e solidariedade é a historia de uma vida de duas pessoas que o destino fez encontrar...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Coisas delas:)

Falávamos de variadas coisas...


A certa altura disse que se a La (é como falamos da pequenita) tivesse um mano seria tão lindo como ela.

A resposta foi que não fazia parte das próximas prioridades outro filho, mas que podia sempre pedir mais um neto à outra filha.

Ao que argumentei que nos próximos 3 anos isso é inviável, dada a terapêutica para a epilepsia que ela é agora obrigada a fazer, dado o único e primeiro episódio, que teve em Fevereiro e tanto mexeu com as nossas vidas.

Ainda assim, salientei que esperava que nada disso sucedesse mesmo.

A resposta foi pronta, que conhecendo ambas a mana, com ela não há deslizes, porque é muito certinha e controlada.

Aí comentei que com a mana eu não conseguia falar de sexo, porque dali não levava nada, ela fica sempre na moita.

Depois de sorrir disse, que a mana era reservada e depois a rir disse:

"Deixa lá falas comigo como sempre, e já sabes que quando precisares... eu explico-te"

Os risos juntaram-se e eu acabei dizendo

"Nalguma coisa sais à doida da tua mãe!"


Quem sai os seus....:)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Como um Cais...

Dou comigo a pensar que eu e a minha forma de estar na vida, bem como o meu quotidiano, se assemelham a um cais.
Onde aportam navios de maior ou menor envergadura, ficando atracados por mais ou menos tempo e um dia partem...
Há os que partem e não voltam deixando saudade, há os que partem e não voltam, sendo um alivio quando eles apitam sinalizando a sua saída do porto.
Mas todos esses navios, botes, cacilheiros, veleiros, fragatas, e até "porta-aviões" (aqui tenho de supsirar...ai ai) deixam as suas marcas.
O cais fica, ano a pós ano, com mais desgaste pelo bater das ondas do mar revolto que é a sua existência, mas ainda assim forte acolhendo as amarras de mais uma embarcação que se avizinha...
Hoje partiu um barco, de seu nome Abílio, era o cozinheiro aqui do bar onde faço todas as refeições, eu com este meu feitio bem disposto, aos poucos fui-me metendo com ele, e antes de ir almoçar chegava e dizia:

"Então Sr. Abílio que é hoje a paparoca???"
Ele sorria e falava logo todo bem disposto, começou então pouco a pouco a chamar-me:"Menina Luisinha", e assim ia dia a dia desfilando a ementa.
Nem sempre eu como prato, faço por vezes refeições light ao que ele indagava sempre:
"Então Menina Luisinha anda zangada comigo? Olhe que eu faço tudo light pode comer à vontade..."
Há pouco entrou aqui pela 1ª vez e a sorrir disse:

"Menina Luisinha vim despedir-me e pedira sua morada daqui para depois eu lhe escrever um postalinho..."

Fiquei surpreendida e perguntei se se ia embora e porquê?
E ele com um ar orgulhoso e feliz disse:

"Então eu andava a estudar à noite como sabe, acabei o Curso de Relações Internacionais e vou estagiar para Londres!"
Fiquei muito contente por ele e por ter sido a única do grupo com que almoço a que ele se lembrou de vir despedir e querer manter o contacto...
Até sempre Sr. Abílio e muitas felicidades, quem sabe um dia não volta a ancorar neste cais.

sábado, 20 de junho de 2009

Tempo...

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"Temos muito tempo...
Mas o tempo é qualquer coisa que se corta num golpe súbito de tesoura, quase sempre sem aviso.
Três semanas,
três anos,
trinta anos...
O tempo é apenas tempo.
É água que escorre entre os dedos das mãos.
A verdade é que não temos muito tempo.
Enquanto cometemos a tolice de ir vivendo como se fôssemos viver... sempre, a nossa vida está às escuras, à espera de um acto de coragem que lhe dê cor e sentido."


(Paulo Geraldo)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O futuro a Deus pertence...

Ontem por volta das 15h.30m entrou aqui nos serviços um senhor idoso que com um ar preocupado e agitado, acabou por se dirigir a mim dizendo:


"Minha senhora por favor se puder ajude-me!"



Eu sorri e disse:
"Então diga se faz favor"



"Olhe a minha neta chama-se R. e é aluna aqui do 5º ano e preciso muito de a encontrar... tenho estado há horas ali á porta pensei que saísse por ali... já pedi ajuda e dizem que não sabem, a senhora conhece a minha neta?"



"Não meu querido senhor, infelizmente a sua neta não conheço, sabe os alunos são quase 2.000 e nem todos passsam por aqui com regularidade..."



"Minha senhora tente ajudar-me! Olhe eu tenho 92 anos, e quero deixar o dinheiro que tenho no nome da minha neta, mas o pai dela não deixa, quer que eu o ponha no nome da minha filha e como ele controla tudo o dinheiro ficará para ele, e eu preciso de falar com ela para ir ao banco... Sabe minha senhora o pai dela é um ditador e eu só queria vê-la a sós, e ele não o permite, por isso vim aqui a ver se a via..."



Eu fiquei como coração apertado, pensei na Lara...
Pensei que tal como ele eu sou Avó... e que apesar deste tipo de coisas nã sucederem connosco, o futuro a Deus pertence, e resolvi ajudar o senhor.



Falei com alunos do 5ª que conheciam a rapariga, pedi para darem recado dizendo que o avô a quer contactar, eu mesma hoje tentho estado a tentar localizá-la para lhe dizer que o avô amanhã ao meio-dia aqui estará de novo, para a ver e lhe trazer algo que ela adora, figos...



Despedi-me dele com uma ternura imensa, ele chorava e agradecia e disse:

"Sabe eu já venho mal, mas a sua cara já não esqueço enquanto viver.."



Espero que amanhã eles se encontrem, a história tem contornos complicados, nem sei se a neta o vai querer ver, mas eu tentei porque assim mo mandou o coração.



Ontem disseram-me que eu não me devia "ter metido", pois já me "meti", hoje é ele, amanhã será outro, ou poderei ser eu.



Ser avô/avó é uma benesse, bom será que aos 92 anos os netos não os esqueçam, para que eles não tenham de andar por Lisboa à sua procura.



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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Não está fácil

Depois daquelas palavras que ainda não digeri vi-te pela primeira vez.
Não senti aquela vontade de te abraçar, mimar e trocar confidências.
Falei de coisas banais, recebi-te bem, mas sem aquele entusiasmo que é usual.
Fiquei com ela, e esses dias foram perfeitos e aconchegantes.
Quando a vieste buscar, como sempre ela acaba com birras desnecessárias, a ira crescia dentro de mim, pelo relembrar do que me disséste e pela forma como ages quando ela está na hora de sair.
Sairam, e eu fiquei triste por ela ir assim chorosa e irritada...
Despedimo-nos com dois beijos como amigas ou conhecidas...
Os abraços de sempre não sei onde estavam, o olhar-te nos olhos não aconteceu, o dizer que foi bom ver-te ficou no silêncio.
Queria ultrapassar tudo isto, mas sinto que não será fácil, tu sabes que eu não sou uma pessoa fácil quando me magoam...
Tudo foi desnecessário... devias parar, reflectir e só depois agir.
Até lá... duvido que consiga voltar a ficar bem.

sábado, 13 de junho de 2009

Courgettes à moda Ju

Não... isto não é um blogue de culinária.
Não... não vou abrir um restaurante na Malveira ao lado do Goucha.
Sim... vim deixar a receita das courgettes que a Ju faz, para as minhas meninas experimentarem, em especial para a minha Vizinha:)
Para 4 pessoas 3 courgettes.
Descascam-se, retiram-se as sementes e cortam-se em palitos miudinhos.
Duas cenouras, devidamente descascadas e lavadas, ralam-se.
Num tacho ou frigeira funda, colocam-se uma cebola média bem picada e 3 alhos picadinhos com azeite, sem que se deixe refogar o preparado, adicionam-se dois a três tomados maduros (não convém que sejam de lata ou em polpa), deixa-se ferver até o tomate estar estufado sem ser refogado, rega-se com um pouco de água.
A seguir juntam-se as courgettes e a cenoura ralada, tempera-se com 7 pimentas, (há nos hipermcados) meio caldo Knorr e sal a gosto.
Tapa-se e deixa-se cozinhar até ficar com uma consistencia que não seja liquida e o preparado devidamente cozido.
Serve para acompanhar qualquer prato.
Bom Apetite!
Ahh e a courgette sacia sem encher em demasia e .... não engorda:)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dias de descanso e ausência

Vem aí um resto de semana de descanso para mim.


A Ju viaja hoje até ao Alentejo, onde temos a casinha da minha Avó Chica, nas Minas de S. Domingos, um oásis no Alentejo.
Boas férias filhota!


Ele vai estar de folga 5ª e 6ª feira, adivinhem para vamos, quais passaritos, pipilar um ao outro;)



A Sana...
Tá de feriados também, mas nada combinei, vou aguardar para ver.
Não me apeteceu combinar, não me apeteceu pedinchar, não me apeteceu...
Saudades da pequenita imensas, mas...
Se aparecem é muito bom, se não...
Paciência.

E como o Sol está de regresso desejo-vos uns bons feriados!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

(...)

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domingo, 7 de junho de 2009

Sabias?

Sabias que apesar de tudo te amo imenso?
Sabias que por vezes preciso ser dura para te acordar?
Sabias que te conheço no teu intimo como mais ninguém?
Sabias que ontem quando me ligaste senti temor na tua voz e ao falar eu sentia que analisavas o timbre da minha voz?
Sabias que apesar de tudo eu sou quem mais te ama e pode ajudar?
Sabias que eu estou para ti ,como tu jamais estarás para mim, e que apesar de saber isso não recuo nem vacilo porque te amo genuinamente?
Sabias que teres ligado para ela falar comigo foi bom?
Sabias que suceda o que suceder eu acabo por te perdoar??
Porque és minha e de mim saíste e o meu ser corre em ti.
Assim como serás tu com ela....
Viver e aprender é o nosso destino.
Apesar de tudo eu amo-te,

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Não somos todos iguais

A minha Ju é uma miuda (24 anos) com uma forma de estar na vida, de fazer inveja a muitos "crescidos".

Não fomenta conversas, chatices, e só emite opiniões que considere oportunas, esta seguiu as minhas passadas.

Há dois dias ligou-me para me dizer algo que precisava e perguntou:

"Então tu estás bem?"

Ao que respondi:

"Não!"

Ouvi um riso do outro lado e a frase. "Eu já sabia..."

Eu já de lingua solta retorqui:
"Ah ...já te ligaram com queixinhas, azaruxoooo filha, azaruxoooo!"

No fim do dia não démos grande seguimento ao assunto, eu porque não me apetecia e ela por bom senso.

Ontem com um sorriso pergunta:
"Então já fizéste as pazes com ela?"

Sem sorrir respondi:
"Ela falou comigo, sobre a menina, e eu como não tinha mais a falar... não falei mais nada"
Nem a olhei, para não ver o que os olhos dela poderiam querer dizer-me, e o assunto encerrou ali.

Sabendo ela a mãe que tem, teme que eu fique distante e fria, atitude que tomo sempre que estou magoada, estou ali mas na realidade não estou.
Os gestos não são iguais, a atitude é de tal forma respeitosa e distante, que nota-se que a Luísa está diferente.
E demora sempre muito tempo até a Luisa de sempre volte.

E no fundo ela sabe que para a mana, já tudo passou e que por ela o assunto ficou encerrado, com pedidos de desculpas e lágrima, mas que com a mãe é diferente, porque ela faria exactamente o mesmo.


Tal mãe tal filha... Venha o diabo e escolha!

Mas esta cumplicidade que temos, faz-me bem e a ela também, outrora a cumplicidade era sempre a três, o terceiro elemento ainda se junta a nós, mas depois os ventos puxam-na e ala que aí vai ela.

Não somos de facto todos iguais.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Filho és pai serás

Desde que saiste de casa tens vindo a mudar, e eu a aceitar, afinal aos filhos tudo se perdoa.
Não entendi onde ficou aquela miuda gira, alegre, companheira, vivaça e serena...
Perdeu-se algures, nesse teu caminho que acompanho quando o partilhas comigo, e sei que mais vezes não o fazes. porque eu tanto te avisei e não queres que eu acene a cabeça...
Mas mesmo assim, fui relevando e acima de tudo calando, ficar sem ti era impensável.
Com a vinda dela ao mundo, por uns tempos vivemos uma magia igual à que havia...
Momentos...
Porque existe outra mãe que não a tua, e depois há comparações, exigências e sei lá o que mais lhe passa a ele naquela cabeça doente, e essa tem de ser tratada duma forma diferente.
Porque é a mãe dele.
Mas sinceramente a revolta calou-se e passei ao estado de indiferença, ele não me atinge porque não o permito, mas usa-te e tu permites e descarregas em mim, as tuas frustações, isso já é pedir demais.
Mas em nome dela e por ela, eu coloquei na prateleira a impulsividade, a resposta pronta e inclusivé o desligar-me algo que faço quando me magoam, deixando no ar sempre que seria até um dia...
E ontem foi o dia.
Já no Sábado me magoaste gratuitamente deixando-me atónita com a atitude... não te reconhecia... mal caíste em ti vieste em lágrimas pedir desculpas, que aceitei, mas ficou cá dentro a tristeza e a sensação que mais uma gota de água e eu explodia.
As palavras de ontem, a forma como as usaste e completamente descabidas, injustas e desnecessárias.... foram as que me fizeram dizer: BASTA!
O risco que corria era ficar despedaçada ou perder-te a ti ou a ela.
Perdida por cem perdida por mil, falei disse tudo o que calei durante os ultimos anos, demonstrei com factos tudo o que precisava apontar, a minha voz era dura e seca, desprovida de qualquer nuance de carinho...
Sentiste que eu não ia desta feita deixar passar e que se fosse preciso afastarmo-nos assim seria, tudo menos deixar que me "achincalhem" só porque sim.
Quando não estamos bem procuramos ajuda, e não fazemos dos que nos amam saco de pancada.

E uma coisa é certa eu não nasci para ser saco de pancada de ninguém, muito menos de ti.
Não almocei, chorei mas tinha feito o que tinha de ser feito.
Quando voltamos a falar por tua iniciativa, choravas de novo, pedias desculpas tentavas remediar... e eu continuava seca, fria e distante.
Nâo sei como vai ser quando nos voltarmos a ver, é bom que este fim de semana seja de interregno, porque preciso apaziguar a alma e lamber as feridas.
Não queria mudar contigo, como mudei com outros que amei tanto...
Mas sinceramente estou tão magoada que não sei.
Esqueceste a máxima: "Filho és pai serás..."

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Nas voltas da Vida

Tenho pensado nas voltas que a vida dá.
E a minha já deu tantas, como as palavras que uso e lhes perdi a conta.

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Por cada volta que dei, ri e também chorei,
aprendi, resisti e também cresci.


Consolidei sentimentos, decisões e projectos.
Abri os olhos às verdades que nem sempre queria ver...
É mais fácil hoje gerir a minha conduta,
porque a Vida nas suas voltas
volta e meia me coloca à prova.

E sempre que sinto que a prova foi superada
aguardo por outra volta, quer seja fácil ou não,
sei que nas voltas da vida tudo tem uma razão.

A razão de viver, aprender e um dia tranquilamente morrer.